Todos os Caboclos são regidos por um Mistério Maior que pertence ao Trono do Conhecimento (Regência do Orixá Oxóssi).

Mas cada Caboclo (ou Cabocla) vem na Irradiação de um ou mais Orixás, pois eles próprios são “filhos”de determinado Orixá e perante outros Orixás foram iniciados para trabalharem em Seus Mistérios (exemplos: Caboclo Pena Branca: de Óxóssi e Oxalá; Caboclo Pena Dourada: de Oxóssi e Oxum; Cabocla do Mar: de Yemanjá; Caboclo Sete Montanhas:

Os Caboclos são espíritos muito esclarecidos e caridosos, assim como os Pretos-Velhos. Tiveram encarnações como cientistas, sábios, magos, professores etc. Alguns, em determinada encarnação, foram mesmo nativos (chamados de indígenas, aqui no Brasil). Enfim, no decorrer de encarnações, elevaram-se e vêm na Umbanda para auxiliar aos irmãos enfermos da alma e do corpo. Muitos são escolhidos pela Espiritualidade para serem os Guias-Chefes dos Terreiros ou então de seus médiuns.

Os espíritos que se apresentam na Umbanda como Caboclos assumem a forma plasmada de “índios” em homenagem aos povos nativos do Brasil e de outras regiões do globo, que nutriam uma forte relação de amor e de respeito à Natureza e muito contribuíram com seus conhecimentos e valores morais e culturais para a formação da nossa Pátria. (V. “Arquétipos da Umbanda”, Rubens Saraceni, Madras Editora, 2007, páginas 89/94.)

de Oxalá e Xangô).

Nem todo Caboclo foi, necessariamente, um indígena.

RUBENS SARACENI explica que, há séculos, houve um momento em que os Regentes Planetários idealizaram uma estrutura de Trabalho Espiritual que reuniria espíritos desencarnados originários das mais diferentes religiões e culturas do planeta, arregimentados a partir de determinado grau espiritual, ético, moral e de conhecimentos.

Formaram-se grupos por afinidades (de valores culturais e morais, de especialidades etc.), porém todos voltados a um único propósito: ajudarem-se mutuamente na tarefa de auxílio à evolução de encarnados e desencarnados em geral. Com isto, também aceleravam as próprias evoluções, pois estavam realizando algo inédito: até então, os desencarnados se agrupavam no Astral conforme suas origens aqui na Terra, e ajudavam apenas aos “da sua gente”. Agora, a Espiritualidade punha em prática um verdadeiro Universalismo, reunindo num trabalho comum representantes de todas as religiões e crenças antigas, muitas já desaparecidas da face do planeta. Com o tempo, levas e levas de espíritos que desencarnavam puderam filiar-se àqueles grupos.

Os espíritos que atuam na Umbanda como Caboclos têm origens culturais e religiosas diversas, e nem todos foram indígenas (assim como nem todo Preto-Velho foi um Negro escravizado). O que lhes dá “ a patente” de Caboclo é o seu grau de elevação perante as Leis do Criador. São espíritos que habitam da 4ª Faixa Vibratória Positiva para cima e que trazem no íntimo um profundo senso de Fraternidade e Irmandade para com toda a Criação Divina.

A presença dos Caboclos nas Giras de Umbanda nos leva a refletir sobre a importância do meio natural que nos acolheu e nos ajuda a compreender que somos parte da Criação Divina e, por isso mesmo, precisamos viver em harmonia com o Todo. Eles são um exemplo de forma de vida simples, natural, livre de preconceitos e artifícios, de arrogância e de vaidade. Sua atuação junto de nós é libertadora, própria daqueles que evoluíram.

Caboclos e Pretos-Velhos manipulam ervas de todos os Orixás porque têm essa autorização e conhecimento, conforme o grau elevado que os distingue.

Grandes doutrinadores e disciplinadores, são muito atuantes na orientação de sessões de desenvolvimento mediúnico, uma vez que os Guias Espirituais agem principalmente sobre o mental do médium, que está relacionado ao Chakra Frontal, regido por Pai Oxóssi, justamente o Regente do Mistério Caboclo.

Alguns Caboclos, quando se despedem do Terreiro, dizem que vão “para Aruanda”, ou “para a cidade da Jurema”. Outros falam que vão “subir para o Humaitá”, e assim por diante. São referências às colônias astrais que existem ligadas ao planeta Terra, onde eles habitam, conforme o respectivo grau de evolução. E muitas vezes os Caboclos responsáveis por Terreiros levam para essas colônias os dirigentes e demais integrantes da corrente mediúnica (durante o desdobramento normal dos seus espíritos que acontece durante o sono físico), a fim de participarem de trabalhos de auxílio a encarnados e desencarnados, para estudarem e ou receberem. Um trabalho espiritual de Umbanda não termina no Terreiro, ele prossegue no Astral. Por isso, é importante que os médiuns sigam as orientações dos Guias Espirituais sobre os preceitos para antes e depois das Giras (manter pensamentos e sentimentos elevados e uma vida diária equilibrada, inclusive no campo sexual; abster-se, ao menos por 24 horas antes e depois do trabalho espiritual, do uso de bebida alcoólica, fumo e de qualquer substância nociva, mantendo uma alimentação isenta de alimentos de origem animal, porque são de difícil digestão; etc.).

Nomes simbólicos: Tupinambá; Jurema; Sete Flechas; Pena Branca; Pena Verde; Pena Roxa; Pena Dourada; Pena Vermelha; Pena Amarela; Pena Azul; Pena Marrom; Cobra Coral; Arranca Toco; Iara; Jaci; Tupi; Araribóia; Toco; Jupiara; Caboclo do Sol; Caboclo da Lua; Estrela; Giramundo; da Cachoeira; Sete Pedreiras; Sete Montanhas; Sete Espadas; Flecha Branca; Folha Branca; Sete Penas; Sete Folhas; Ventania; Rompe Mato; Urubatão; Ubirajara; Aimoré etc.

Alguns nomes revelam os Orixás regentes dessas Entidades e o seu campo específico de trabalho. Outros nomes são ocultadores (V. “Tratado Geral de Umbanda”, Rubens Saraceni, Madras Editora).

Caboclos que têm nome em tupi-guarani: Tupã, Tupi, Tupinambá, Aimoré, Icaraí, Ubirajara, Urubatão, Urubatã, Jaci, Indaiá, Jacira.

Para saber qual Orixá os rege e lhes dá um campo específico de atuação, precisamos traduzir o nome.

Exemplos:

CABOCLO ICARAÍ – Icaraí significa “água santa”. A água é um elemento de Yemanjá. O que torna algo “santo” é a Presença de Deus (o Alto do Altíssimo); e o Orixá que representa o mais Sagrado é Oxalá (porque rege o Sentido da Fé, base da religião). Logo, é um Caboclo de Oxóssi, Yemanjá e Oxalá;

CABOCLO TUPINAMBÁ – Tupinambá significa “filhos de Tupi” (ou de Tupã). Tupi é a Raiz, o Pai. Por analogia, o Orixá Oxalá é “o Pai” (porque o Seu Fator Magnetizador é a base da Criação). Logo, é um Caboclo de Oxóssi e Oxalá;

CABOCLO URUBATÃO – Urubatão (ou Urubatã) significa “madeira dura”. Madeira vem de árvore=Oxóssi; mas a madeira é a árvore que foi cortada e passou por uma transformação= Obaluayê; e dura= dureza= força=Ogum. É um Caboclo de Oxóssi, Obaluayê e Ogum;

CABOCLO URUBATÃO DA GUIA – Valem as explicações anteriores. Acrescente-se que “guia” vem de “estrela guia”, um símbolo de Oxalá. Logo, este Caboclo é de Oxóssi, Obaluayê, Ogum e Oxalá;

CABOCLO UBIRAJARA – Ubirajara significa “o atirador de lança”. A lança é de Ogum. Logo, é de Oxóssi e Ogum.

CABOCLA JACI – Jaci é “a deusa da lua”, que é associada às Divindades Ísis (egípcia) e Lakshmi (hindu). Estas, por sua vez, são relacionadas a Oxum. Logo, seria uma Cabocla de Oxóssi e Oxum. Mas a lua também pode ser associada a Oyá-Tempo, Yemanjá e Nanã, de modo que pode ser uma Cabocla com essas regências.

CABOCLA JACIRA – Jacira significa “inseto que produz mel”. Quem produz mel é a abelha, que pertence ao reino de Oxóssi. Mas o mel também representa a doçura, que se associa a Oxum. Logo, é uma Cabocla de Oxóssi e Oxum.

CABOCLO (A) INDAIÁ – Indaiá, em tupi-guarani, é um tipo de palmeira. Sendo um elemento vegetal, está ligado a Oxóssi. Seria um Caboclo (a) na Irradiação pura de Oxóssi.

Caboclo “Pena”- Todo Caboclo Pena traz uma qualidade voltada para ensinar, doutrinar. A pena é de Oxóssi, Orixá do Conhecimento.

Nessa Falange, temos:

Caboclo Pena Branca – O branco é a cor de Oxalá; logo, é um Caboclo voltado para ensinar a Fé (é de Oxóssi e Oxalá); Caboclo Pena Dourada- o dourado é uma cor de Oxum; logo, vem para ensinar o Amor (é de Oxóssi e Oxum); Caboclo Pena Verde- o verde é de Oxóssi; logo, vem para expandir o Conhecimento; (atua na Irradiação pura de Oxóssi); Caboclo Pena Marrom- o marrom é de Xangô; logo, vem para ensinar a Justiça (é de Oxóssi e Xangô);

Caboclo Pena Vermelha – o vermelho é de Ogum; logo, vem para o ensino da Lei (é de Oxóssi e Ogum); etc. A cor que aparece no nome do Caboclo indica a qual Orixá está relacionado e em qual Sentido da Vida ele vai atuar, especificamente.

No caso do Caboclo Sete Penas, o “sete” indica que ele atua nos Sete Sentidos da Vida, ou seja, na Irradiação de todos os Orixás, sendo um doutrinador de almas.
Caboclo “Flecha”: Todo Caboclo Flecha traz duas qualidades fundamentais: uma voltada para o Conhecimento (pois a flecha é de Oxóssi) e a outra voltada para o Sentido da Direção (porque a flecha também aponta numa direção, ela dá direção- Qualidade de Yansã). São Caboclos que atuam para dar um direcionamento na busca do Conhecimento, na expansão do nosso aprendizado. E a cor que aparecer no nome do Caboclo dará o campo específico da sua atuação.
Nessa Falange, temos: Caboclo Flecha Branca= direcionador do Conhecimento no campo de Oxalá= Fé; Caboclo Flecha Dourada= direcionador do Conhecimento no campo de Oxum= Amor; etc.
Caboclo Sete Flechas é um direcionador do Conhecimento nos Sete Sentidos da Vida (Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração). É um direcionador de almas, de espíritos.

Caboclo “Folha”: Todo Caboclo Folha traz qualidades de Oxóssi, pois a folha é de Oxóssi, o Senhor do Reino Vegetal. E a cor da folha indicará qual outro Orixá os rege e o campo específico de suas atuações.

Nessa Falange, temos: Caboclo Folha Branca (de Oxóssi e Oxalá); Caboclo Folha Dourada (de Oxóssi e Oxum);

Caboclo Folha Verde (Irradiação pura de Oxóssi); etc.

Quanto ao Caboclo Sete Folhas, há uma particularidade: a folha serve para curar; e o Orixá “dono de todas as folhas” e que cura pelas folhas é Ossaim. Como o Caboclo Sete Folhas trabalha com todas as folhas (nas sete Irradiações), vemos que traz qualidades de Ossaim. (Ossaim não é cultuado diretamente na Umbanda, e sim dentro do campo de Oxóssi.)

Caboclo “Pemba”: Todo Caboclo Pemba traz qualidades de Oxum (Trono Mineral), pois a pemba é um mineral. São Caboclos de Oxóssi e Oxum. Oxóssi traz o Conhecimento e a expansão; Oxum é agregadora, atrai e reúne com harmonia.

Como nos exemplos anteriores, a cor que aparece no nome (Pemba Branca, Pemba Roxa etc.) indica o campo específico da sua atuação. Já o Caboclo Sete Pembas atua nos Sete Sentidos da Vida. (Fonte por Alexandre Cumino)

Outros nomes:

Os elementos, pontos de forças, as cores, instrumentos (flecha, escudo etc.) e condições climáticas que aparecem no nome do Caboclo dão uma indicação do Orixá que o rege e do seu campo de atuação. Exemplos: Caboclo dos Rios (Oxum); Caboclo Ventania (ventania= ar em movimento= Yansã); Caboclo do Fogo (Xangô); Caboclo da Terra (Omolu); Caboclo do Mar (Yemanjá); Caboclo do Ouro (Oxum); Caboclo do Lago (Nanã); etc.

Há nomes ligados a verbos ou ações. Exemplos: Caboclo Rompe-Mato: romper é um ato de força= Ogum; mato= Oxóssi; logo, é de Oxóssi e Ogum; Caboclo Quebra Pedra: quebrar= Ogum; pedra= mineral=Oxum; logo, é de Ogum e Oxum.

Os nomes de animais, em especial os de felinos (gato, jaguatirica, leopardo, leão, onça, tigre, pantera, jaguar), em geral estão diretamente associados a Oxóssi, que é o Senhor do Reino Vegetal (flora) e também da fauna (animais).

Mas alguns têm outras particularidades. Exemplo: CABOCLO COBRA CORAL. A cobra é um animal associado ao Orixá Oxumarê (a Serpente de Dan). E a cobra coral tem as cores vermelha (de Ogum), preta (de Omolu), amarela (de Yansã) e branca (de Oxalá). Logo, é um Caboclo que atua na Irradiação de Oxumarê, Ogum, Omolu, Yansã e Oxalá. (Fonte: Rubens Saraceni, “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada” e “Tratado Geral de Umbanda”, ambos da Madras Editora.)

A bênção meus pais Caboclos e mães Caboclas!
SAUDAÇÃO = Okê, Caboclo!
VELAS = Branca, Verde e Bicolor (verde/branca)

Saiba um pouco mais de cada Entidade